Introdução
O medo de errar a profissão e de fracassar nas escolhas profissionais é uma constante na vida de muitas pessoas, especialmente em momentos de crise de sentido, transição de carreira ou primeira escolha profissional. Evidentemente, ninguém deseja errar ou fracassar ao tomar decisões importantes, entretanto, não se arriscar também é uma decisão e, muitas vezes, uma decisão que mantém o indivíduo paralisado.
Esse medo não aparece apenas no campo da orientação profissional e de carreira, mas atravessa decisões fundamentais da vida. Adotar uma postura unilateral de não se arriscar é permitir que o medo conduza as escolhas, aceitando o desconforto e as frustrações que essa estagnação produz. Ademais, ao optar por não arriscar, o indivíduo se priva de novas possibilidades e de experimentar, na prática, se determinado caminho profissional faz sentido ou não.
A escolha da profissão e o medo de errar
No campo da orientação profissional e de carreira, especialmente no atendimento psicológico online, o medo de errar a profissão aparece de diversas formas: no receio da primeira escolha profissional; no medo de que uma transição de carreira não dê certo; no temor de escolher uma profissão e depois não conseguir mudar; entre muitos outros impasses comuns. É possível afirmar que nunca se tem 100% de certeza sobre uma escolha profissional e é justamente aí que reside o risco. No entanto, as inseguranças e ansiedades relacionadas à escolha da profissão podem, sim, ser trabalhadas e mitigadas ao longo de um processo estruturado de orientação profissional.
Desde o primeiro momento da orientação profissional, o foco recai sobre o autoconhecimento. Trabalha-se para que a pessoa reconheça seus gostos, dificuldades, interesses, limites, valores e opiniões sobre si mesma, especialmente em relação ao que deseja estudar e, possivelmente, exercer como trabalho. Em um segundo momento, realiza-se uma investigação aprofundada sobre as áreas de interesse, buscando informações concretas sobre mercado de trabalho, grades curriculares dos cursos, possibilidades de atuação, salário e progressão salarial, carga horária, rotina profissional e disciplinas relacionadas.
Distinções importantes na orientação profissional e de carreira
Há particularidades na orientação profissional e de carreira que merecem atenção. Uma delas é compreender que nem sempre aquilo que se escolhe para estudar em uma graduação ou curso técnico será, necessariamente, a área em que se trabalhará no futuro. Muitas pessoas descobrem ao longo do percurso que não se identificam com aquela profissão, enquanto outras já iniciam seus estudos cientes de que não pretendem atuar diretamente naquela área.
Outro ponto recorrente é o dilema entre fazer o que se gosta versus exercer uma profissão que não se gosta, mas que oferece melhor retorno financeiro. Nesse conflito, é fundamental refletir sobre a ideia de trabalhar com aquilo que se consegue sustentar psiquicamente. Odiar o próprio trabalho tende a conduzir a uma vida marcada por sofrimento e esvaziamento de sentido. Por outro lado, mesmo quando gostamos do que fazemos, é importante reconhecer que o trabalho também envolve obrigações, frustrações e dias difíceis. Ter clareza sobre esses aspectos contribui para reduzir as idealizações e mitigar as chances de arrependimento na escolha profissional, tornando o processo mais consciente e alinhado à realidade psíquica e concreta do indivíduo.
Conclusão: escolher, arriscar e encontrar sentido
Escolher uma profissão exige consciência de que múltiplos fatores estão em jogo, internos e externos. Ainda assim, mesmo escolhas consideradas equivocadas podem ter um valor psíquico importante. Quando evitamos enfrentar determinados conteúdos internos, a vida tende a nos confrontar com eles de outras formas.
Como nos lembra Carl Gustav Jung: “Sempre partimos do pressuposto ingênuo de que somos os senhores em nossa própria casa. Deveríamos habituar-nos, no entanto, com a ideia de que mesmo em nossa vida psíquica mais profunda, vivemos numa espécie de casa cujas portas e janelas se abrem para o mundo: os objetos e conteúdos deste último atuam sobre nós, mas não nos pertencem” (JUNG, 2015, § 329).
Dessa forma, arriscar e errar fazem parte do processo de construção de uma vida profissional com mais sentido. Errar permite aprendizado, transformação e movimento, enquanto não escolher pode manter o indivíduo aprisionado em uma frustração que há primeira vista pode ser confortável, porém pode ser também estagnada e infeliz.
Referências
O eu e o inconsciente vol. 7/2 – Carl Gustav Jung
Orientação Profissonal Passo a Passo – Maria Elci Spaccaquerche, Ivelise Fortim
Se você sente que o medo de errar está paralisando suas escolhas profissionais, a orientação profissional pode ajudar a transformar insegurança em clareza. Agende um atendimento online e comece esse processo de forma consciente.
